RESUMO
O Paraquat é um herbicida não seletivo altamente tóxico, sendo responsável por altas taxas de letalidade acidentais ou provocadas, devido, principalmente, à insuficiência respiratória. Apesar de a intoxicação por via oral ser a principal e mais grave, o contato prolongado com a substância em uma grande área corporal pode gerar uma toxicidade similar e levar ao óbito fato pouco elucidado na literatura. Este é o relato de caso de um homem de 22 anos, que foi admitido em um hospital devido a queixas de mal-estar, náuseas, febre, cefaleia, dor abdominal, diarreia, queimaduras e dispneia. A suspeita diagnóstica inicial foi de hantavirose, leptospirose, dengue e tromboembolismo pulmonar e, posteriormente, foi comprovado intoxicação exógena com agrotóxico por via inalatória e cutânea. Exames de imagem revelaram fibrose pulmonar difusa e ele também apresentou alterações renais, hepáticas e coagulatórias. Como não há antídoto específico, foi empregado tratamento sintomático e suportivo, com uso de carvão ativado, antibióticos, corticoides, antioxidantes e hemodiálise. No entanto, o paciente teve uma piora progressiva do quadro, vindo a óbito devido à síndrome da angústia respiratória aguda e fibrose pulmonar. O Paraquat, embora proibido no Brasil em 2020, continua sendo utilizado de forma ilegal. Além disso, seu substituto, o Diquat, possui toxicidade semelhante. Assim, é fundamental que os profissionais da saúde reconheçam o diagnóstico da intoxicação por tais substâncias e suas diferentes vias de exposição. Também são necessárias novas medidas de fiscalização das substâncias e maior investimento em educação em saúde para evitar exposições acidentais, assim como relatado (AU).
Paraquat is a highly toxic non-selective herbicide and is responsible for high accidental or provoked lethality rates, mainly due to respiratory failure. Although oral poisoning is the primary and most severe, prolonged contact with the substance in a large body area can lead to similar toxicity and death a fact that is little elucidated in the literature. This is the case report of a 22-year-old man admitted to a hospital due to complaints of malaise, nausea, fever, headache, abdominal pain, diarrhea, burns and dyspnea. The initial diagnostic suspicion was hantaviruses, leptospirosis, dengue and pulmonary thromboembolism, and there was subsequently proven exogenous intoxication with pesticides by inhalation and cutaneous route. Imaging tests revealed diffuse pulmonary fibrosis and he also had renal, hepatic and coagulation alterations. As there is no specific antidote, symptomatic and supportive treatment was performed using activated charcoal, antibiotics, corticosteroids, antioxidants and hemodialysis. However, the patient had a progressive worsening of the condition and died due to acute respiratory distress syndrome and pulmonary fibrosis. Paraquat, although banned in Brazil in 2020, continues to be used illegally. In addition, its substitute, the Diquat, has similar toxicity. Thus, it is essential that health professionals recognize the diagnosis of intoxication by such substances and their different exposure routes. New control measures for these substances and greater investment in health education are also needed to prevent accidental exposure, as reported (AU).